Dominando a Arte de Trabalhar Para Você Mesmo

10 agosto 2015 Vendas

Como você se tornou um empreendedor?

E o que quero dizer por empreendedor inclui freelancers, consultores, empresários, donos de startups e qualquer outra pessoa que decidiu se arriscar profissionalmente, abrindo mão da segurança de ter algo garantido pela possibilidade de criar seus próprios limites.

No meu caso, foi do dia para a noite. Fui para o trabalho sem saber que seria o último dia. E quero dizer que realmente foi o último dia em que senti que estava indo trabalhar. O trabalho nunca mais pareceu trabalho depois que passou a ser decidido por mim.

Naquela manhã, eu era funcionário de uma multinacional que parecia estar indo muito bem. De tarde, descobri que não era bem assim.

No ônibus de volta pra casa tomei a decisão de que eu assumiria o controle da minha carreira, porque quando você depende dos outros – de uma empresa, de um chefe, de um departamento – as coisas podem mudar muito repentinamente.

E naquela noite começou meu aprendizado. Eu precisava aprender um jeito de trabalhar e habilidades completamente novas. Propostas, vendas, marketing, negociação, um portfólio, pesquisas de mercado. Foi assustador e fascinante.

No primeiro mês, veio a primeira lição: freelancer não é bagunça. Leva um tempo para você organizar seu dia a dia quando não existe rotina.

E cada mês seguinte, nos últimos 5 anos, foi marcado por uma lição aprendida. Um vacilo, uma queda e uma cicatriz para lembrar como fazer melhor na próxima vez. É um aprendizado constante. E é quase viciante.

Aprender a trabalhar para si mesmo é uma tarefa inesgotável, mas é algo que acontece com muita intensidade nos primeiros meses da nova rotina.

Se você está começando a freelar ou montando um novo negócio, espero que essas primeiras lições que aprendi lhe sejam úteis um dia.

Porque agora que você trabalha para você mesmo, não tem mais ninguém a quem culpar se você odiar seu trabalho.

Aceite que seu papel mudou

Alguns estudos apontam que um dos principais fatores que comprometem a satisfação no trabalho é a forma como o profissional entende sua produtividade.

Por exemplo, quando eu comecei a freelar, meu conceito de trabalho era medido em linhas de código escritas e funcionalidades implementadas em um software. Enviar propostas, cobrar clientes, fazer contratos, isso eram coisas novas e não se encaixavam no que eu entendia como trabalho.

Mas a vida de alguém que trabalha para si mesmo exige fazer isso também. E é importante não esquecer que isso, também, é trabalho.

Vejo muitos freelas se sentindo frustrados porque “passaram metade do dia falando com clientes”. E, na verdade, eles estão fazendo certo, não é motivo para se frustrar. Se você só se preocupar com a parte operacional, sem cuidar dos aspectos de negócio….bom, você não vai ter um negócio. Nem clientes.

Então, organize seu dia com base em todas as atividades que você passou a exercer. Contabilidade, gestão financeira, vendas, atividades técnicas, liste tudo que você precisa fazer para uma semana completa e divida seus horários da forma mais organizada possível.

Seja exigente

Você não precisa aceitar todas as oportunidades que aparecem pela frente, você precisa aceitar as oportunidades certas.

É importante que você saiba o que você quer e tome cada escolha com um critério claro: “isso está alinhado com o que eu quero”?

Isso vai evitar que você se prenda a clientes ruins, a projetos sem futuro, a tarefas que o estressam e a pessoas que não o ajudam a chegar onde você quer.

Sim, você tem que pagar as contas. Mas isso não quer dizer que você tenha que aceitar qualquer oferta de projeto marginalmente lucrativa até que esteja com tantas pessoas cobrando você que tenha que desligar seu celular para não ficar louco. Esse é o jeito errado de fazer negócios.

Quando você passa a trabalhar para você mesmo, qualidade passa a ser melhor que quantidade.

Aqui estão alguns ótimos motivos para dizer não de vez em quando:

1. Negar alguns projetos quer dizer que você estará 100% focado em outros, dando o seu melhor em oportunidades de verdade;
2. Os clientes que recebem atenção total em seus projetos saem mais satisfeitos, retornam mais e indicam seus serviços sempre que a oportunidade surge;
3. Você consegue evitar se comprometer a projetos ou clientes que você sente que seriam complicados e projetos que não acabariam bem;
4. Você gasta menos com remédio para dor de cabeça.

Toda oportunidade tem um custo. Escolha bem as suas.

Não existe competição

Existem muitos profissionais que vivem (e falham) competindo com uma maré de outros profissionais onde o cliente só se importa com o próprio bolso e o único fator decisivo é o preço.

E você com certeza já recebeu diversos conselhos de negócio sobre como agir em relação aos seus concorrentes, a os vigiar e competir com eles em todos os aspectos.

Parte da beleza do modelo de negócios de um empreendedor individual que presta serviços é que as coisas não precisam ser assim. Você pode conseguir projetos mesmo que não ofereça a proposta mais barata. Nem todo cliente quer o mais barato, alguns querem o melhor. Ou o que confiam, o que é seguro. É aí que você pode entrar e prosperar.

Competir por preços é uma receita certa para frustração. Além disso, você não está maximizando o potencial de seu negócio. O melhor a fazer é ignorar a concorrência e jogar outro jogo.

Esteja disposto a ajudar

Nem toda lição vem de um erro, algumas você aprende recebendo recompensas por algo que fez sem segundas intenções.

Você já deve ter ouvido que networking é o que movimenta todo negócio. E sim, isso verdade. Nenhum homem é uma ilha e blah, blah, blah. Quando você se associa a outras pessoas, tão íntegras quanto você mas com experiências e especialidades diferentes, você ganha mais poder do que teria sozinho.

E é isso que movimenta qualquer organização. O fato de que ela é composta por pessoas diferentes trabalhando com o mesmo intuito. Times de futebol, empresas, países. Toda organização tira seu poder desse mesmo conceito.

E você pode fazer uso dessa ideia mesmo que trabalhe sozinho. Ao ajudar seus colegas – tirando uma dúvida, apresentando alguém, dando um conselho – você se torna alguém em quem elas podem confiar. Alguém que elas admiram, de certa forma.

E isso eventualmente voltará para você. Na forma de uma indicação ou de favor que retorna. A vida tem dessas.

Saiba o que motiva você

No fim das contas, para prosperar como empreendedor, você precisa encontrar uma forma de trabalhar com mais tranquilidade e prazer sem abrir mão de seus objetivos. E isso depende de sua motivação.

Para um cirurgião, por exemplo, isso é muito claro. Um trabalho bem feito salva uma vida. Para um prestador de serviços isso pode não ser tão claro, mas é importante saber o que motiva você em cada projeto.

E todo projeto possui algo. Talvez uma causa especial. Talvez o que ele represente. Um desafio técnico. Muitas coisas podem o inspirar e com certeza já inspiraram em projetos passados.

E a motivação adequada vai fazer com que você dê o melhor de si. Vai garantir que você faça o seu melhor trabalho, sem se importar com tempo gasto, estresse e os desafios. Será uma jornada prazerosa, que te traria recompensas antes mesmo do pagamento.

É possível trabalhar para você mesmo, mesmo que tenha um emprego?

Acredito que sim. Todos nós temos uma faísca empreendedora em nós, um desejo de melhorar e participarmos de algo grande.

Infelizmente, a maior parte da força de trabalho no Brasil – e no mundo – é insatisfeita com seu trabalho. O enxergam como um mal necessário, 44 horas por semana que você sacrifica de sua vida para poder pagar as contas. E não tem que ser assim.

Muitos encontram no empreendedorismo o caminho para se livrar disso, para encontrar uma atividade que realmente os satisfaça. Mas muitos também são felizes em um emprego tradicional, com uma jornada e segurança tradicionais.

Acredito que o segredo dessas pessoas esteja em conseguirem aplicar os mesmos conceitos acima em seu dia a dia. Em encarar seu trabalho não como uma obrigação, mas parte de algo maior. A encontrar as coisas boas e a motivação no que fazem.

E essas pessoas trabalham mais felizes. E progridem mais. E ajudam os outros. E o sucesso vem naturalmente.

Isso não nega o fato que o mercado de trabalho está mudando e que a forma tradicional de trabalho nos próximos anos vai migrar com intensidade para um modelo mais semelhante ao do empreendedorismo.

As gerações atuais querem isso. Querem liberdade, autonomia e controle. E isso é ótimo, é o que trabalhamos para criar aqui. Mas acredito que você não precise esperar esse momento chegar para começar a trabalhar para você mesmo.

Você pode assumir o controle agora mesmo, com uma atitude diferente.

Quais são as suas lições aprendidas?

Hora de fazer uso dessas ideias e compartilhar seu aprendizado. Diga para nós e para os outros empreendedores que passam por aqui o que você já aprendeu e quais desafios encontrou em seu caminho :)